Diego mantinha em casa uma rosa. Por segurança, a deixava trancada e sem sol, regando-a somente o suficiente para que ela não morresse.

A rosa não tinha mais espinhos, pois ele havia os tirado um por um até deixá-la indefesa. Ás vezes até mesmo lhe arrancava uma pétala, só para provar que podia.

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Vivendo naquelas condições, a rosa começou a murchar. Já nem mais parecia uma rosa e, em dado momento, até mesmo esqueceu que um dia havia sido uma.

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Em uma noite, Diego chegou tão bêbado que quebrou seu vaso. O graveto seco rolou pelo chão, caindo perto da janela. De lá pode ver o jardim e as outras flores.

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Movida então por uma coragem que não sabia ter, Rosa disse basta. Fez suas malas e partiu, sabendo que estava na hora de desabrochar. E, principalmente, que não estava sozinha.

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Fico parado observando o homem andar reclinado até o patíbulo, quase curvado até o chão, como se o peso de seus pecados o empurrasse para baixo.

A multidão grita, vaiando o condenado, enquanto o juiz lê seus crimes. Invasão. Roubo. Assassinato.

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Me mexo com desconforto e encaro o culpado de frente, relembrando da última vez que havia visto minha esposa, antes de a terem encontrado em meio uma poça de sangue. O homem me encara de volta e um pouco de luta parece voltar aos seus olhos.

Tarde demais.

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O chão se abre e a platéia reage com alegria enquanto suas pernas balançam no ar. Eu desvio o olhare espero o espetáculo terminar. Alguém aperta meu ombro e afirma que devo estar aliviado.

E eu realmente estou.

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Agora sem a única testemunha, poderei herdar o dinheiro sem problema. E nunca mais vou ter que aturar aquela mulher novamente.

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A primeira vez que lhe vi foi em um café perto do meu prédio. Cruzamos olhares, você sorriu, pediu licença, e então eu soube que nunca mais poderia te deixar ir.

Depois disso, te achei nas redes sociais e nos encontramos ainda quatro vezes pela cidade. Eu me vi aprendendo cada charme e hábito seu, rindo de seu humor rápido e inteligente.

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Saiba, eu acho que você é a pessoa mais incrível do mundo. Forte e complemente única.

Fiquei muito feliz quando em nosso quinto encontro, reuni coragem e te acompanhei da parada de ônibus até sua casa.

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Hoje, depois de um mês, percebi que você esqueceu as chaves no portão de entrada. Mas não se preocupe, eu já as peguei.

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Agora mal posso esperar para finalmente nos conhecermos em pessoa.

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